Shiva

Já havia falado de Shiva, em outro post, como sendo meu deus-pai. Lá eu falei um pouco de como ele apareceu em minha vida, e de como me deu sinal de que olha por mim. Neste post falarei sobre o deus e suas faces mais conhecidas, seus epítetos, símbolos, animais representativos, e um pouco da cultura na qual este deva surgiu e está imerso. Boa leitura!


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Quem é Shiva?

Shiva (também conhecido como Xiva ou Siva) é o deva (divindade hindu) da destruição: o que destrói para que algo novo seja construído, desta forma também é conhecido como “renovador” ou “transformador”. É o criador do ioga, prática que ajuda física, mental e emocionalmente. Junto a Brahma (O Criador) e Vishnu (O Preservador), Shiva (O Destruidor) compõe a Trimurti (a tríade de divindades supremas hindu).

O nome Shiva significa “auspicioso”, ou ainda “aquele que traz boa sorte”, um nome apropriado para um deva que protege os seus devotos e os traz verdadeira felicidade.

Desposa Parvati (Shakti), tida como manifestação feminina suprema no hinduísmo, e juntos são conhecidos como Pai e Mãe do Universo. Com esta, Shiva teve dois filhos: Ganesha e Kartikeya (também chamado de Scanda).

Alguns de seus epítetos são Mahadeva (Deus Supremo), Shankara (Meditador), e Shambo (Benevolente). A ramificação do hinduísmo que tem Shiva como deus supremo é denominada shivaísmo ou xivaísmo.

Conta o mito que Shiva veio à Terra, e encontrou sábios, homens e mulheres, rezando. As mulheres, ao verem-no, foram ao seu encontro. Já os homens, não gostaram disso. E então lhe enviaram um tigre, para atacá-lo. Shiva não gostou disso, matou o tigre com uma mão apenas e usou sua pele, como um xale. Os sábios então, mandaram um cervo em sua direção, para pisá-lo. Shiva o segurou em uma só mão, e desde então continua segurando-o. Os sábios então criaram uma serpente poderosa, e enviaram a Shiva, que simplesmente a colocou no pescoço, como um colar. Eles então lhe enviaram um demônio amedrontador, com uma maça chamada Katanga. Shiva tomou a maça do demônio, segurou-a em uma de suas quatro mãos, enquanto o segurava, pisoteando-o. Shiva então ficou muito bravo, e começou a dançar furiosamente. Todos ficaram maravilhados, e amedrontados, e pararam para observar o Bharata Natyam, a dança de Shiva.

Algumas Facetas de Shiva

O deva possui alguns aspectos, ou facetas, podemos assim dizer, entre as mais conhecidas estão as retratadas a seguir.

Pashupati

Pashupati (pashu “animais” + pati “senhor”) é o “Senhor dos Animais”. É uma das primeiras manifestações de Shiva, surgida no período neolítico, em meados de 4.000 a.C., encontrada em pinturas, em cavernas. O deus em algumas versões, neste aspecto, tem três rostos, e cada uma deles encara uma direção do “passar do tempo”: passado, presente e futuro. Pashupati se coloca em posição meditativa, dando indícios de o quão antigas são as práticas de meditação.O deus usa uma coroa em formato de chifres de búfalo, denotando sua proximidade com este animal, com a virilidade que este representa, e às foras telúricas (ou seja: da terra). Como “Senhor das Feras”, meditar entre os animais selvagens sem ser atacado é uma clara amostra de seus poderes, e também pode significar, simbolicamente, que ele os domou, ou pelo menos o que representam, em seu interior: o orgulho (tigre), a força bruta (elefante), o ódio (rinoceronte) e a sexualidade desenfreada (touro).

Os devas estavam em confronto com os demônios, mas sem conseguir vencê-los, pediram ajuda a Shiva Pashupati, que disse-lhes: “Eu sou o Pashupati! Os demônios só poderão ser vencidos se todos os devas assumirem sua natureza animalesca.” Muitos devas hesitaram, pensando ser uma humilhação assumir uma forma animal. Pashupati falou, agora mais forte: “Não é demérito nenhum reconhecer seu animal – a espécie que representa seus princípios no mundo animalesco. Apenas aqueles que se reconhecem como pashupatas – irmãos dos animais – podem ultrapassar sua condição.” Assim, os devas fizeram o que ele disse, e venceram a guerra.

Nataraja

Nataraja (nata “dançarinos” + raja “rei”) é o “Rei dos Dançarinos”. Nesta representação o círculo de chamas representa o princípio cíclico da renovação, e sua dança representa a eterna moção do universo, em seu ritmo. Sua dança é bem dinâmica – e aparenta ser rápida, pelos movimentos esvoaçantes de seus cabelos – mas seus olhos continuam denotando introspecção meditativa, já que aparentam olhar interiormente.

Em uma das mãos, Nataraja segura o damaru, seu tambor em forma de ampulheta, que marca o ritmo de sua dança, e o fluir do tempo. A chama em outra de suas mãos representa a transformação, que vem pelo elemento Fogo, elemento da transmutação. As duas outras mãos gesticulam mudras: a da direita, em pose do abhaya mudra, é um gesto de proteção e bênçãos. A esquerda, representa a tromba de um elefante, a destruir obstáculos.

Nataraja pisa em um demônio, o qual representa a ignorância interior, que nos impede de analisar o nosso eu interior e evoluir através das mudanças do que pode ser mudado. Muitas vezes, tudo isto é representado dentro de uma lótus.

Adhanaríshvara

Ardhanaríshvara, também conhecido como Shiva-Parvati é uma forma oriunda da fusão de ambos os deuses. A metade masculina tem a forma, trejeitos e atributos de Shiva, e o mesmo ocorre com a do lado esquerdo, exceto que como Parvati.

Esta divindade simboliza a união do masculino com o feminino, em seu equilíbrio, mostrando os princípios e forças da criação do cosmos.

Símbolos de Shiva

Trishula

Esse é o nome da arma principal de Shiva, o seu tridente que bem aparece em suas representações. É com esta arma que o deva destrói a ignorância. Suas três pontas têm vários significados e representações, e as mais aceitas é que representam as três qualidades dos fenômenos: Tamas (Inércia), Rajas (Movimento) e Sattva (Equilíbrio); ou a Trimurti: Brahma, Vishnu e Shiva.

Damaru

O tambor em forma de ampulheta representa a criação do universo através do som da sílaba “Om”. A som do damaru, Shiva marca o ritmo da sua dança pelo universo.

É dito que quando ele para de tocar o instrumento, seja para ajustar o som ou mudar o ritmo, todo o universo se desfaz e só se refaz com o recomeço da melodia.

Fogo

Shiva está intimamente associado ao Fogo, pois esse elemento representa a transformação. Nada que tenha passado pelo fogo, permanecerá o mesmo: o alimento vai ao fogo e se transforma, a água evapora-se em contato com o fogo, os corpos cremados transformam-se em cinzas.

Terceiro Olho

Emite chamas que reduzem a cinzas. É dito que quando Shiva está extremamente raivoso, ele abre o seu terceiro olho e queima o que estiver pela frente. Muitos contam que por causa do seu destrutivo “Terceiro Olho” o deus é conhecido como “O Destruidor”. Seu terceiro olho é às vezes tido também como “Olho da Sabedoria”. Seus olhos direito e esquerdo, representam suas atividades no mundo físico, enquanto o terceiro olho simboliza sua sabedoria espiritual e poder.

Parvati, brincalhona, às costas de Shiva, levou as mãos aos seus olhos direito e esquerdo, tapando-os. Neste momento, todo o universo escureceu e parou, de modo que nada poderia existir sem Shiva. Foi quando seu terceiro olho apareceu.

Crescente Lunar

Shiva é conhecido por “Chandrashekhara” ou, “aquele que segura a Lua em sua cabeça”. O crescente lunar utilizado por Shiva é a Lua em seu quinto dia, e simboliza o ciclo do tempo, por onde o processo de criação se desenvolve, do início ao fim. Desde que para os hindu, a Lua é o principal medidor de tempo, o significado desta na cabeça de Shiva é que este tem controle sobre o tempo. Mostra que o deus está acima das medidas do tempo e é a realidade eterna. Apesar da Lua não ser uma parte do seu corpo, usá-la significa que ele é o começo e o fim de todas as coisas no universo.

Serpente

A naja é a mais mortal das serpentes. Usar uma serpente em volta da cintura e do pescoço simboliza que Shiva dominou a morte e tornou-se imortal. Na tradição do Ioga, ela também representa kundalini, a energia de fogo que reside adormecida na base da coluna. Quando despertamos essa energia, ela sobe pela coluna, ativando os centros de energia (chakras) e produzindo um estado de hiper-consciência (samádhi), um estado de consciência expandida.

Touro

Nandi (“aquele que dá a alegria”) é o touro branco que acompanha Shiva, sua montaria e seu mais fiel servo. O touro está associado às forças telúricas e à virilidade. Também representa a força física e a violência. Montar o touro branco, significa dominar a violência e controlar sua própria força. Sua devoção por seu senhor é tão grande que sempre se encontra sua figura diante dos templos dedicados a Shiva. Ele está deitado, guardando o portão principal.

Lingam

Lingam (“emblema”, “distintivo”, “signo”), também chamado de linga, é o símbolo fálico de Shiva. Ele representa o pênis, instrumento da criação e da força vital, a energia masculina que está presente na origem do universo. Está associado ao poder criador de Shiva. Na Índia, reverenciar o lingam é o mesmo que reverenciar a Shiva. Ele pode ser feito em qualquer material, embora o preferido seja o de pedra negra. Na falta de uma escultura, se constrói um lingam com a areia da praia ou do leito do rio; ou simplesmente se coloca em pé uma pedra ovalada. É comum, nos templos, se pendurar sobre o lingam uma vasilha com um pequeno orifício no fundo. A água é derramada constantemente sobre ele numa forma de reverência. A base do lingam representa yoni, a vagina, mostrando que a criação se dá com a união do masculino e feminino. Há também uma pedra com este nome, em sua homenagem.

Rudraksha

O nome rudraksha (Rudra, “deus dos trovões”, outro nome para Shiva + aksha, “olho”), do sânscrito, é dado a uma árvore e também aos seus frutos e sementes. Toda a planta é sagrada por suas propriedades curativas, de acordo com o sistema tradicional de medicina indiano. Conta-se que depois de sair de um estado meditativo, Shiva abriu os olhos, e no êxtase, lágrimas caíram… Ao tocarem o chão se transformaram em sementes, e logo em árvores.

Jata e Ganga

No topo da cabeça de Shiva, se vê um jorro d’água. Na verdade, é o rio Ganges (Ganga) que corre pela Terra, amortecida pelos cabelos emaranhados (Jata) de Shiva.

Houve um rei chamado Bhagadatta, do qual seus ancestrais haviam sido mandados ao inferno. O disseram que, se Ganga viesse do Paraíso para a Terra, lavaria seus pecados, e estes iriam para o Paraíso. Bhagadatta se dirigiu a Ganga, pedindo sua ajuda… ela disse que poderia ajudá-lo, mas precisaria que alguém pudesse pará-la, ou então, fluiria diretamente para o Inferno. O rei se dirigiu a vários devas, mas nenhum deles era capaz de parar Ganga. Aconselhado a procurar por Shiva e pedir por isso, conseguiu ajuda. Quando Ganga começou sua jornada de descida à Terra, Shiva permitiu que tão logo saísse do Mundo Espiritual, caísse primeiro sobre sua cabeça, prendendo Ganga em seu “coque”, onde dali poderia correr sobre a Terra, mais brandamente.

Luã Musi

http://www.bruxodelua.com
@bruxodelua

4 comentários sobre “Shiva

  1. Amei demais esse site, descobri ele justo numa segunda feira com a lua em peixes em quarto crescente, nada acontece por acaso. minha relação com o Shiva esse ano tem aflorado e eu o amo mais a cada ciclo lunar, Obrigado pelos conhecimentos compartilhados amigo ❤

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